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MEMBROS DO COMITÊ ESTADUAL DA RESERVA DA BIOSFERA DA CAATINGA BAHIA/BRASIL SE REÚNEM PARA LXX ASSEMBLEIA ORDINÁRIA

Visitas às áreas de AgroCaatinga, à unidade de beneficiamento de leite de cabra e plenária de encerramento marcaram o encontro do Comitê Estadual da Reserva da Biosfera da Caatinga Bahia/Brasil na última quarta e quinta-feira (10 e 11 de julho). Com objetivo de conhecer, debater e planejar ações para recaatingamento, as atividades foram realizadas em Uauá, na LXX Assembleia Ordinária do grupo, sediada pela Coopercuc.

No primeiro dia, a programação contou também com a participação de agricultores que dividiram detalhes das experiências em suas terras junto aos projetos. Maria Perpétua, da comunidade Serra da Besta, descreveu a transformação das suas práticas e benefícios da preservação da Caatinga.

“A gente naquele tempo não tinha quem ensinasse, não tinha quem desse orientação. Tinha quem ia para os matos e tirava os paus. E depois desse projeto a gente aprendeu o que é fazer as curvas de nível, plantar e fazer as coberturas (…) O que a gente tira para comer, é para comer, o que sobra, não vai para fora. A gente leva para Coopercuc e faz produção. Uma produção boa. Quando a gente fez esse projeto aqui, eu tive que comprar água para a gente molhar as plantinhas para não morrer. E comprei e não me arrependi (…) Depois que comecei a comer coisas daqui, meu organismo está outro, porque é uma produção boa, saudável”, relata.

A coordenadora do eixo de meio ambiente e recursos hídricos da secretaria de planejamento do Estado da Bahia, Cristiane Ferreira, enfatiza a importância de ouvir esses relatos e acompanhar de perto os resultados para parâmetros futuros.

“A reunião em Uauá foi surpreendente, foi emocionante. Um projeto que tocou o coração (…) O que eu levo enquanto secretaria de planejamento dessas vivências e como membro deste local é a discussão das políticas públicas e os resultados delas. Mas, também, de que forma a gente pode ampliá-las. Eu faço questão de levar todas essas pautas para o meu processo de discussão e de elaboração com as secretarias e com a sociedade civil na hora da elaboração do PPA”, ressalta a coordenadora.

Para o diretor técnico da Fundação Araripe e Presidente do Conselho da Reserva da Biosfera da Caatinga, Francisco Campello, fazer essa articulação entre as instituições é uma maneira de mostrar ao comitê que é possível conservar os recursos da biodiversidade, usando a Caatinga com critério de sustentabilidade.

“A visita em campo também serviu para a gente ver como podemos ter uma abordagem estratégica do território. Foi extremamente importante para alimentar os conselheiros de como a Caatinga pode ser usada de forma sustentável, quebrando o paradigma que é a questão da preservação de forma restrita, onde o homem e os sistemas produtivos são isolados desses contextos. Ao contrário, a gente pôde ver aqui a biologia da conservação em prática, a bioeconomia, os sistemas resilientes, regenerativos de baixo carbono, sendo feitos de forma pragmática pelos nossos agricultores e com isso a gente preservando a Caatinga pelo bom uso.”

Dentro dessa perspectiva, Edson Ribeiro, Coordenador de sistemas florestais da Bahiater (Superintendência baiana de assistência técnica e extensão rural), também coordenador do Comitê, destaca a importância de conhecer as experiências e tecnologias sociais desenvolvidas no território que também foram debatidas em plenária para que se tornem medidas efetivas. “A relação, pela própria finalidade do comitê, a gente não só visita, o objetivo é propagar, não só como divulgação, mas de tirar encaminhamentos, frutos dessas reuniões, dessas plenárias, para que o estado seja a união e, especificamente, o governo da Bahia, implemente políticas públicas que potencializem essas experiências”

Como medida para pensar o desenvolvimento e proteção da Caatinga, Egidio Trindade, coordenador de Ater na cooperativa, destaca que o evento tem “um papel fundamental para impulsionar debates que estimulem resultados importantes, como ações de recaatingamento e conscientização sobre as mudanças climáticas”.

A programação foi pensada para que os participantes vivenciassem momentos enriquecedores com as tradições locais através de um almoço na comunidade Serra da Besta e a entrega dos pães artesanais para que desfrutassem dos sabores marcantes do município.