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Oficina macroterritorial reúne sete entidades executoras do projeto ATER Biomas em Uauá-BA

Partilhas de experiências e visitas às comunidades marcaram o encontro formativo com as organizações que executam o projeto de Assessoria Técnica e Extensão Rural (ATER) Biomas. Ao longo de dois dias, a oficina Macroterritorial, realizada em Uauá-BA, possibilitou a apresentação de experiências de produção agroecológica e discussões sobre produção vegetal e animal, de forma sustentável e na perspectiva da Convivência com o bioma Caatinga.

Durante a programação, a Cooperativa Agropecuária Familiar de Canudos, Uauá e Curaçá (Coopercuc), anfitriã da oficina, compartilhou experiências do trabalho de acompanhamento junto às famílias agricultoras, com o desenvolvimento do sistema de agrocaatinga. Além disso, a Entidade organizou visitas de campo para que as organizações presentes pudessem conhecer detalhes dessas experiências. O sistema de agrocaatinga une a conservação da Caatinga, produção apropriada ao bioma e a geração de renda para as famílias do Semiárido brasileiro.

A primeira experiência visitada foi na comunidade de Testa Branca, para conhecer as atividades da agricultora Clara Maria Brás, assessorada pela Coopercuc, que tem como foco a  produção de um banco de proteínas, para cabras de leite. Entre as plantas utilizadas pela agricultora estão: gliricídia, moringa, leucena, guandu, feijão e capim volumoso. 

Para realizar essa produção, Clara conta com o envolvimento das duas filhas e do companheiro. Como um dos resultados de toda essa dedicação, a família comercializa leite de cabra para o laticínio da região, fruto de uma produção diária, oriunda de 22 cabeças. Em média, a ordenha rende dois litros de leite por animal. A agricultora relatou que já chegou a produzir uma média mensal de 265 litros; e que almeja aumentar a produção. Ela destacou ainda que a assessoria técnica foi fundamental nesse processo de organização e geração de renda para a família. Atualmente essa atividade complementa a renda, mas o objetivo é no futuro, com o aumento da produção, viver somente a partir da extração de leite caprino.

Já a agricultora Amanda Amorim, da comunidade de Caracol, município de Casa Nova, também assessorada pelo projeto, através do Instituto Regional da Pequena Agropecuária Apropriada (Irpaa), destacou que a experiência das visitas foi maravilhosa.

“Não tinha o conhecimento ainda de como lidar com a questão do leite, do laticínio. E, pela breve visita que a gente teve, eu consegui abrir a minha mente pra adquirir mais conhecimento em referência a isso”.

Amanda enfatizou ainda que vai partilhar essa experiência adquirida com a sua comunidade, que tem criações de cabras e ovelhas.

Na segunda experiência visitada, os/as participantes conheceram práticas de melhoramento do solo e alimentação da família, a partir do sistema de agrocaatinga da agricultora Elita Santos, na comunidade de Algodões. Esse momento, que contou com muita interação, foi destaque, principalmente, os ensinamentos sobre a produção de mudas de maracujá da Caatinga. A família também utiliza a irrigação de salvação e as curvas de nível, que contribuem com a economia de água utilizada na produção; atividades apropriadas às características da região semiárida.

Sobre essas oficinas macroterritoriais, o superintendente da Superintendência Baiana de Assistência Técnica e Extensão Rural (Bahiater), Lans Almeida, que esteve presente na manhã do primeiro dia da formação, destacou que “para além de estarem no contrato como uma atividade, ela (a oficina) tem uma importância de envolver ainda mais e fortalecer os princípios agroecológicos, que são os princípios da produção de alimentos saudáveis, de alimentos justos, de alimentos que são produzidos com equidade, respeitando as questões de gênero, de juventude, as questões todas etárias; e toda uma produção que é o que alimenta a gente, é o que alimenta o Brasil, é o que alimenta o mundo; é a produção da agricultura familiar”. 

Lans Almeida também avalia que a oficina foi uma oportunidade para evidenciar as práticas agroecológicas e os potenciais do Semiárido. “E, sendo uma produção como a gente tem no princípio da política nacional, da política estadual de ATER, como uma produção agroecológica, a gente tem certeza de que a agricultura familiar está produzindo um alimento justo e, principalmente, um alimento saudável. Então, essas oficinas, elas pra gente têm uma importância muito grande, um envolvimento entre a teoria, também na prática, que a gente vai conhecer as agrocaatingas, que são uma revolução que tem acontecido no Semiárido baiano”.

Entre as avaliações feitas pela equipe do Irpaa, ao final da oficina, foi apontada a necessidade de investimentos também em fomento, para potencializar a produção das famílias agricultoras assessoradas pelos projetos de ATER.  

O evento, que aconteceu nos dias 29 e 30 de abril, contou com a participação de agricultores/as assessorados/as e equipes de sete entidades que estão executando o Projeto ATER Biomas: Coopercuc, Irpaa, Instituto de Desenvolvimento Social e Agrário do Semiárido (Idesa), Associação de Assistência Técnica a Assessoria aos Trabalhadores Rurais e Movimentos Populares (Cactus), Centro de Assessoria do Assuruá (CAA), Cooperativa de Trabalho Agropecuária Mista de Bairro Alto (Agrocoop) e Serviço de Assessoria a Organizações Populares Rurais (Sasop). A iniciativa é financiada pelo Governo do Estado da Bahia, através da Secretaria de Desenvolvimento Rural (SDR) e da Bahiater.

Texto: Eixo Educação e Comunicação do Irpaa | Fotos: Irpaa e Coopercuc