A equipe de Assistência Técnica e Extensão Rural (ATER) da Cooperativa Agropecuária Familiar de Canudos, Uauá e Curaçá (COOPERCUC), segue com o projeto de AgroCaatinga em parceria com a L’Occitane. Ontem (17), por meio do mutirão formado por técnicos e agricultores familiares, mais uma área foi implantada na comunidade Serra da Besta, no município de Uauá, norte da Bahia.
Mírian Ribeiro, proprietária beneficiada na ocasião, comemora a implantação. “Receber esse projeto foi uma coisa maravilhosa, era meu sonho ter onde plantar minhas frutíferas (…) agora ficou tudo organizadinho, fiquei emocionada, chorei muito em receber o AgroCaatinga. A gente trabalhava, mas não tinha como deixar tudo no lugar certo. Muito bom ter os meninos lá, técnicos, o Artur, a Taiane, os outros agricultores que vieram de fora. É uma benção que Deus me deu”.
Com o projeto, iniciado em 2019, foram implantadas 39 áreas no território CUC (Canudos, Uauá e Curaçá), em municípios da Chapada Diamantina, Sento Sé, Bahia e no Rio Grande do Norte. Para a equipe técnica, trazer os agricultores familiares para os mutirões é um meio de estímulo e de troca fundamental.
“Nossos protagonistas são as famílias, os agricultores familiares que estão no campo. Eles foram os primeiros experimentadores junto aos conhecimentos da equipe técnica adequados aos conhecimentos populares. Cada área traz uma resposta diferenciada, então juntar os produtores é trazê-los para esses espaços pedagógicos de aprendizagem (…) Uma das nossas premissas é mobilizar as famílias beneficiadas sempre que tem manejo em áreas de outro agricultor, como uma troca não só do trabalho, mas, principalmente, o envolvimento que fortalece a caminhada que mantém as nossas AgroCaatingas em pé, pela partilha entre os próprios agricultores”, destaca Taiane Costa, técnica e pedagoga do setor de Assistência Técnica e Extensão Rural da Coopercuc.
Maria de Lourdes, da Comunidade Ouricuri, foi uma das agricultoras presente no mutirão e que compartilhou o seu sentimento em ajudar outras pessoas a terem o que para ela é uma realidade importante. “Eu fico muito feliz quando sou convidada a participar da implantação de um AgroCaatinga. É uma grande satisfação que tenho em ver a felicidade de cada pessoa que recebe o projeto (…) para nós, principalmente nós mulheres, é muito importante ter um lugar para trabalhar. Eu me sinto muito bem, trabalho com muita boa vontade, esqueço os problemas, no fundo, é uma terapia o que a gente faz. Mais importante é a gente saber que vai colher dali um alimento saudável, que a gente plantou, do quintal da gente, da área da gente”.
A agricultora comenta ainda os benefícios após dois anos colhendo dos frutos da sua área. “Tive a oportunidade de ter esse lugar, só tinha mato e em alguns cantos nem isso não tinha, era só a terra morta. Com a participação e ajuda dos técnicos trabalhamos a terra, cuidamos dela e agora ela cuida da gente devolvendo muitas maravilhas. Eu amo esse trabalho, amo ver as pessoas cuidando da terra, cuidando das plantas, cuidando da Caatinga. Eu tenho um grande respeito e um grande carinho por todo esse povo, por toda essa mulherada que é forte mesmo e sabe fazer as coisas acontecer. Só tenho a agradecer a Coopercuc e a L’Occitane por nos dar essa boa oportunidade de ter a nossa área para cuidar e de fazer em outro lugar, para outra pessoa que também vai ter essa área”, finaliza.
Em conversas com outros produtores beneficiados presentes na agenda de implantação, é perceptível que as mudanças nas áreas são significativas, desde o cuidado com a terra até os resultados e conselhos guiados pelo sentimento de satisfação e pertencimento.
“Graças a Deus eu botei as mãos para o céu com esse projeto. O que é mais diferente, é o cuidado com a terra. Hoje eu sei que é importante capinar e deixar o mato em cima da terra, é um nutriente para terra e uma sombra para molhação. Eu digo para os outros que quem tiver a oportunidade de o AgroCaatinga bater na sua porta, receba de braços abertos. Esse é um projeto que eu amo e tenho certeza que muitas pessoas amam também”, conta Elita Teodora, da comunidade Algodões.
Jailson Sena, da Comunidade Caldeirão dos Lalaus, em Uauá, um dos primeiros a receber a realização das atividades em suas terras, avalia que, com o projeto, ficou mais fácil “proteger e beneficiar a terra. Foi a partir desse movimento que coloquei a cabeça no lugar e aprendi a trabalhar”.
O AgroCaatinga é fruto da parceria junto a L’Occitane, com realização da equipe técnica da Coopercuc e tem como principal objetivo revitalizar áreas, preservar a Caatinga e fortalecer os trabalhos das famílias beneficiadas pensando a soberania alimentar e geração de renda. Como resultado, muitos agricultores familiares conseguem, além do consumo pessoal, fazer a comercialização semanal da colheita na Feira da Sociobiodiversidade promovida pela cooperativa.
